domingo, 9 de abril de 2023

A pequena sereia. Ponto de encontro de gerações

Quem visitou Copenhaga questionou-se certamente sobre qual a razão de uma insignificante estátua de bronze, disposta sobre um pequeno rochedo, ser o símbolo desta capital de terras vikingues. 
Na verdade o personagem do conto de  Hans Christian Andersen é a marca universal da abnegação e entrega, ao ter  disponibilizado a sua vida ao seu príncipe encantado.
Esta estátua tem sido um curioso ponto de encontro de várias gerações da nossa família. No final dos anos 50 do século passado os Pais fizeram-se fotografar junto a ela, poucos anos depois de uma guerra mundial que ceifou a vida a dezenas de milhões de pessoas; filho por lá passou nos anos 80, ainda com os nevoeiros mortais de Chernobyl a pairarem sobre o Báltico; após a grande crise económica mundial, a neta foi apresentar-se a esta comungadora de gerações.  
Regressámos ao local em 2023, com mais uma inclemente e injustificável guerra na Europa e princípios de nova crise financeira. Será que a sereia conseguirá proteger as novas gerações que a venham visitar?


terça-feira, 30 de agosto de 2022

Isla Ons

O arquipélago das ilhas Ons, integrado no Parque Nacional das Ilhas Atlânticas, barra a desembocadura da ria de Pontevedra.

A ilha de Ons é a mais extensa da costa atlântica da península ibérica, possui habitantes permanentes e uma diversidade biológica e paisagística digna de visita.

25agosto de 2022

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segunda-feira, 9 de abril de 2018

De visita a Auchwktz - Birknau


Lembro-me que as reações mais marcantes durante a visita aos campos de concentração de Aushwitz-Birknau,  há já 25 anos, foram a angústia e a incompreensão. Como foi possivel tanta frieza e desprezo pela vida humana, concentrados em espaços exíguos  que tornavam a dimensão daquele inferno ainda maior?

Realizámos  o exato percurso que os prisioneiros faziam pelos alegados chuveiros para desinfeção, que na realidade eram câmeras de gaz, e que terminavam nos fornos crematórios, alinhados em bateria, prontos a consumir carne humana ainda quente. Todos nós  que ficamos nervosos com insignificantes   idas ao dentista ou a frequentar um exame de faculdade, não conseguimos sequer imaginar o que passaria pela cabeça dos condenados a este martírio. Velhos, jovens, crianças, humilhados e torturados, gaseados e transformados em cinza pelo simples facto de possuirem uma crença religiosa diferente, por serem ciganos, soviéticos, fracos para o trabalho físico, homossexuais ou por não apresentarem traços arianos puros.

Ontem regressei áquele local. Com mais duas décadas de calejamento pela idade e o reconhecimento prévio  da zona, levaram-me a pensar que seria uma simples visita a um museu, agora na companhia da família. Enganei-me. A angústia, a incompreensão, o enjoo regressaram.E enquanto tal acontecer aos mais de 2 milhoes de visitantes anuais  deste campo de extermínio, estaremos a contribuir para que holocautos semelhantes não voltem a ocorrer.

Forgive but not forget, como alguém  afirmou. É certo que não nos devemos esquecer, para evitar que aconteça de novo. Duvido no entanto que os já poucos sobreviventes consigam perdoar aos carrascos que foram culpados por tamanho genocídio.




sábado, 22 de abril de 2017

Cópias em Copenhaga



50 anos depois, a Sofia substituiu a Avó  na fotografia. 😊

Crónicas de vacances II - Minho



Partimos para o Minho no inverno frio de 1989 transportando a natural e inocente arrogância  dos recém licenciados. Tínhamos como missão o levantamento de necessidades em infraestruturas, no âmbito agrícola e florestal, contactando para isso com autarcas, agricultores e dinamizadores locais do mundo rural.

O primeiro encontro foi com o ti Amorim, agricultor do vale do Lima, que nos recebeu pelas 8 da manhã na sua escura adega, com mesa posta com um delicioso presunto e um jarro com verde tinto, cepa americana, daquele que tinge a malga. A entrevista decorreu normalmente e, após cobarde desculpa para não bebermos àquela hora da manhã, o sr. Amorim deseja-nos "continuação de bom trabalho, senhores engenheiros, e cuidado com as curvas e com os 220. Sem dar o braço a torcer por não termos entendido o comentário, despedimo-nos, ainda com o sabor intenso do fumeiro.

Os seis meses do trabalho decorreram normalmente, aumentando os conhecimentos e diminuindo a tal arrogância. Visitamos os pouco conhecidos socalcos agrícolas do Sistelo,  as brandas e inverneiras, satisfizemos a pituitária e as glândulas salivares com bacalhau à minhota, rojoes e sarrabulho, flirtamos com doces minhotas e conhecemos gentes que ainda hoje são importantes nas nossas vidas.

E quando do regresso não resistimos e questionamos o nosso colega minhoto: ó Vítor, diz-nos lá o que são os 220? Com um sorriso complacente tipo "estes-mouros-não-conhecem-o-verdadeiro-Portugal", explicou-nos que eram as comuns  juntas de bois que circulavam pelas perigosas estradas do vale do Lima: cada boi vale 110 contos, e a batida na carroça, por detrás, provoca o estrangulamento dos animais pela pressão efetuada pela canga. Uma situação aceitável num país ainda sofrendo do atraso provocado pelos 48 anos de obscurantismo e onde o sofrimento de alguns animais não apagava a vergonha de mais de 3000 mortos anuais nas estradas portuguesas.

Agora, de regresso à região, confirmo que a arrogância e a cobardia alcoólica desapareceram. ;-)