segunda-feira, 9 de abril de 2018

De visita a Auchwktz - Birknau


Lembro-me que as reações mais marcantes durante a visita aos campos de concentração de Aushwitz-Birknau,  há já 25 anos, foram a angústia e a incompreensão. Como foi possivel tanta frieza e desprezo pela vida humana, concentrados em espaços exíguos  que tornavam a dimensão daquele inferno ainda maior?

Realizámos  o exato percurso que os prisioneiros faziam pelos alegados chuveiros para desinfeção, que na realidade eram câmeras de gaz, e que terminavam nos fornos crematórios, alinhados em bateria, prontos a consumir carne humana ainda quente. Todos nós  que ficamos nervosos com insignificantes   idas ao dentista ou a frequentar um exame de faculdade, não conseguimos sequer imaginar o que passaria pela cabeça dos condenados a este martírio. Velhos, jovens, crianças, humilhados e torturados, gaseados e transformados em cinza pelo simples facto de possuirem uma crença religiosa diferente, por serem ciganos, soviéticos, fracos para o trabalho físico, homossexuais ou por não apresentarem traços arianos puros.

Ontem regressei áquele local. Com mais duas décadas de calejamento pela idade e o reconhecimento prévio  da zona, levaram-me a pensar que seria uma simples visita a um museu, agora na companhia da família. Enganei-me. A angústia, a incompreensão, o enjoo regressaram.E enquanto tal acontecer aos mais de 2 milhoes de visitantes anuais  deste campo de extermínio, estaremos a contribuir para que holocautos semelhantes não voltem a ocorrer.

Forgive but not forget, como alguém  afirmou. É certo que não nos devemos esquecer, para evitar que aconteça de novo. Duvido no entanto que os já poucos sobreviventes consigam perdoar aos carrascos que foram culpados por tamanho genocídio.