domingo, 21 de dezembro de 2008

Elefantes também viajam

Acabei de ler o novo livro de José Saramago. Agradável e de fácil leitura. Muito longe da dificuldade de consumo das intermináveis descrições do Memorial do Convento.

Foi pena que o relato do percurso efectuado pelo elefante em Portugal não tivesse sido tão pormenorizada como a que José Saramago efectuou para a viagem em território italiano. Na realidade não consegui depreender por onde é que o elefante passou, para além das referencias ao interior de Portugal.

Em meados do século XVI o rei D. João III oferece a seu primo, o arquiduque Maximiliano da Áustria, genro do imperador Carlos V, um elefante indiano que há dois anos se encontra em Belém, vindo da Índia.Com base nesses escassos elementos, e sobretudo com uma poderosa imaginação, José Saramago coloca agora nas mãos dos leitores esta obra excepcional que é A Viagem do Elefante. Neste livro, escrito em condições de saúde muito precárias, não sabemos o que mais admirar – o estilo pessoal do autor; a combinação de personagens reais e inventadas; o olhar sobre a humanidade em que a ironia e o sarcasmo, marcas da lucidez implacável do autor, se combinam com a compaixão com que o autor observa as fraquezas humanas.

Um livro muito agradável que dificilmente conseguiremos interromper.

Ficha de viagem





Países: Portugal, Espanha, Itália, Austria



Transporte utilizados: A pé, Barco.



Data: 1551



Mapa:

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Londres - preliminares



Há cerca de 15 dias fizemos a primeira consulta às agências de viagem virtuais. Como sempre a que deu mais garantias e preços mais baixos foi a Logitravel. Uma família com quatro elementos (dois adultos, uma adolescente e uma criança) saiu por cerca de 790 euros, com viagem (na British), taxas, e hotel com pequeno almoço. Está certo que o hotel é de uma só estrela, mas é central e aparentemente simpático (Hotel Lords, na zona de Bayswater). Será que vale a pena gastar balúrdios em alojamento só para usufruir do quarto para dormir? E, garantidamente, após um dia de calcorreio das ruas cinzentas de Londres, nada mais queremos do que um bom sono reconfortante.

Hoje fui efectuar novamente a simulação do preço/reserva desta mesma viagem. O preço inflacionou-se em mais de 200 euros. Aqui está a prova de que a aquisição/reserva com antecedência é muito importante para quem quer viajar com poucos cobres.

Os dados estão lançados. Vamos ver o resultado, no fim-de-semana prolongado do Carnaval.


sábado, 6 de dezembro de 2008

Surpresa - Comboios


Estive recentemente a pesquisar viagens para Paris. Actualmente quando se fala em percursos desta distância associamos logo ao avião.

Recordando a nostalgia dos velhos tempos do InterRail, fui ao site da CP obter informações sobre o ancestral SudExpresso. Pasmo total: não é que uma viagem de ida e volta, Lisboa-Paris, em 2ª classe, lugar sentado, custa 287 ??? E se for na tradicional couchette/beliche são cerca de 320€... Em cama single: 464 €!!!!! (dá certamente para alugar um táxi aéreo...).
E são 24 horas de viagem entre as duas capitais europeias. E em menos de 3 horas colocamo-nos em Paris, utilizando o avião, por um valor pouco superior a duas notas de 20 euros.
Que se lixe a saudade das viagens internacionais ferroviárias.

Fonte: http://alvarez-sud-express.blogspot.com/

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Chile Beleza Mil


Há quem diga que não é correcto aproveitar as viagens de serviço para, adicionalmente, gozar férias. Qual é o problema de ficar mais uma semana num local para onde nos deslocamos por motivos profissionais, se tal atitude não acarretar custos para o serviço? Pelo contrário: o facto de se ficar mais tempo em determinado local pode mesmo embaratecer o custo final do transporte.

Foi o que fiz neste caso: um Congresso de cerca de alguns dias permitiram uma visita por algumas regiões do Centro e do Sul desse comprido e contrastante país que é o Chile.

Partimos no final de Novembro. Com o decréscimo da latitude, passámos do frio e chuva para o tempo quente. Mais de 13 horas num Airbus A240 levaram-nos de Madrid a Santiago do Chile, sobrevoando o Atlântico, o Brasil e os Andes. Uma viagem longa mas largamente compensada pelo vislumbrar da cadeia montanhosa dos Andes, nevada e sinuosa. Não foi tarefa fácil para o piloto aterrar num aeroporto cuja altitude não é muito superior ao nível do mar, proveniente de uma zona de montanhas com altitude superior a 4-5.000 metros.

Santiago do Chile é uma cidade aprazível, simpática e com uma grande carga emotiva devido ao golpe de Estado ao governo democraticamente eleito de Salvador Allende, perpetrado pelo ditador Augusto Pinochet, que aconteceu num famigerado 11 de Setembro, em 1973.

Aproveitei conhecimentos dos Serviços Florestais para visitar 3 locais que considerei importantes, tendo em conta o tempo disponível. Comprei um passe de avião que me permitiu efectuar 3 viagens e visitar 3 regiões de grande importância paisagística, natural e cultural do Chile. Numa primeira fase visitei o eixo entre Santiago e Valparaíso, depois, deslocando-me mais para sul, a região de Puerto Montt e a ilha de Chiloé e finalizei pelo extremo sul, celebremente conhecido por Patagónia chilena e administrativamente por XII região. Em cada um destes locais contactava com o responsável ou um técnico da CONAF (Serviços Florestais Chilenos) o qual, na maior parte dos casos, me recebia amistosamente e indicava os locais mais interessantes e que deveriam ser visitados.

Visitámos Viña del Mar (local do Congresso) e Valparaíso, cidades costeiras que convivem com o oceano revolto do Pacífico. Raúl, um colega que também participou na Conferência, foi um guia incansável e abriu o seu país a um estrangeiro desconhecedor das belezas da América do Sul.

Após uma curta viagem aérea entre Santiago e Puerto Montt, na X região administrativa (Los Lagos) deste país com mais de 3.000 km de comprimento, iniciei a visita no local onde o país começa a fugir para o mar, desfazendo-se em ilhas, baias, penínsulas, estreitos e glaciares. Puerto Montt é uma pequena e pesqueira cidade com o vulcão Osorno em fundo.

Utilizando o autocarro, barco e automóvel de funcionários dos Serviços Florestais, percorri a ilha principal do arquipélago de Chiloé, com o seu Parque Nacional caracterizado por uma floresta sempre verde e viçosa, consequência do clima quente e húmido. As pequenas localidade de Ancud (ponte de entrada na ilha grande de Chiloé) e de Castro (cidade principal) foram visitadas com recurso a locomoção própria: a planura da ilha permite percursos pedestres muito interessantes. De salientar a igreja/catedral de Castro com as suas cores exóticas e as aldeias piscatórias palafitas.

Experimentem os pratos típicos: uma sopa com galinha batata, peixe e marisco apresentou-se como uma iguaria única, aparte a estranha mistura de ingredientes.

Próximo percurso: Puerto Montt --> Punta Arenas, capital da Patagónia Chilena. A cidade de maior latitude sul, fundada em 18 de Dezembro de 1848, é bastante colorida, com edifícios planos e constantemente varrida pelo vento. Recordo-me que no porto, em pleno Estreito de Magalhães, muito dificilmente uma pessoa conseguia ficar em pé, sem se agarrar a algo fixo.



Algumas recordações desta cidade austral:


- Um tipo qualquer que se encontrava num dos miradouros da cidade ofereceu-me para prova de gustação algo que vim a perceber ser o recheio de um ouriço-do-mar.

- A estátua a Fernão de Magalhães exposta numa das praças é uma réplica perfeita da existente na nossa lisboeta Praça do Chile.

- Pessoal muito simpático e hospitaleiro.


A Patagónia recebeu o seu nome devido aos patagões, nome dado aos nativos pelos primeiros navegantes que desembarcaram na costa atlântica. Crê-se que a origem do termo patagão se deve ao facto dos nativos caçadores avistados pelos marinheiros serem altos e possuírem pés grandes.

No aeroporto tinha o Hugo à minha espera. Não o conhecia mas rapidamente o associei à descrição que dele me tinham feito. Levou-me a uma casa de família onde fiquei acolhedoramente alojado. Visitámos também os colegas dos serviços florestais da XII Região. Prontificou-se em me mostrar o ex-líbris da sua terra, que é o Parque Natural de Torres del Paine.


E lá partimos numa pickup, rumo ao norte, por estradas rectilíneas intermináveis, ladeadas por vegetação rasteira e vestígios de árvores secas e queimadas. Fizemos escala em Puerto Natales onde pernoitámos numa cabana das equipas de supressão de incêndios. Pelas 4 horas da manhã estávamos a caminho do mais famoso Parque Natural da América do Sul.

Segundo informação recolhida na Wikipedia, o Parque Nacional de Torres del Paine é um dos componentes do Sistema Nacional de Áreas Silvestres Protegidas do estado do Chile. Em 2006 ocupa uma superfície de 242.000 hectares. Localiza-se a 112km a norte de Puerto NAtales e a 312 km da cidade de Punta Arenas. Limita a norte com o Parque Nacional Los Glaciares, na Argentina. O Parque foi criado no dia 13 de Maio de 1959 e a UNESCO declarou-o reserva da biosfera a 28 de Abril de 1978. Apresenta uma grande variedade de particularidades naturais: montanhas (destacam-se o complexo de Cerro Paine, cujo cume principal atinge os 3.050 metros, as Torres del Paine e os Cuernos del Paine), vales, rios (como por exemplo o rio Paine), lagos (destacando-se os conhecidos Grey, Pehoé, e Sarmiento), glaciares (Grey, Pingo, Tyndall e Geikie, pertencentes ao Campo de Gelo Patagónio Sul). Possui uma grande variedade florística e faunística, registando-se várias espécies endémicas.

Chegámos ao Parque durante a manhã com uma temperatura do ar muito baixa, o que fez saber ainda melhor o reconfortante pequeno-almoço oferecido pelos guardas do Parque numa das suas casas-abrigo.

O passeio pela área protegida foi deslumbrante e apesar de algumas nuvens, conseguimos descortinar os três picos das Torres del Paine.

Caso tenham oportunidade alojem-se no Hotel do Sector Lago Pehoé, Salto Chico. Deve ser impressionante acordar quentinho com a vista paradisíaca do lago, queda de água e, em fundo, as Torres del Paine.

De regresso passámos pela Gruta do Milodon, uma espécie extinta de mamífero placentário, da família das actuais preguiças.

Durante a descolagem de Punta Arenas, sob os pensamentos nostálgicos da partida e um intensíssimo vento que desengonçava o avião, pensei que a probabilidade de regressar àquele fim-do-mundo seria muito remota, até porque existiriam muitos outros locais com beleza idêntica a visitar.

De regresso a Portugal, ficou na memória a vista aérea nocturna de Fortaleza, com a sua marginal serpenteando pela costa.

Devido ao atraso do voo intercontinental, por pouco não perdemos o avião de Madrid para Lisboa.

Autores cujos livros devem ser consumidos, antes, durante e após uma viagem ao Chile: Francisco Coloane, Luís Sepúlveda e, caso visitarem a Patagónia, não esquecer de Bruce Chatwin (Na Patagónia). Para quem gosta de poesia, experimente Gabriela Mistral, prémio Nobel da Literatura.


E não esquecer o Guia dos Guias: LonelyPlanet.



Ficha de viagem

Países: Chile

Cidades/locais visitados: Santiago do Chile, Valparaíso, Viña del Mar, Puerto Monte, Ilha de Chiloé, Punta Arenas, Puerto Natales, Parque Nacional de Torres del Paine.

Meios de transporte utilizados: Avião, Barco, Autocarro, pickup

Data de início: Novembro de 1998

Data de Fim: Dezembro de 1998

Tempo de permanência: cerca de 15 dias

Mapa:



Cartagena de Poniente

Aproveitando um Seminário profissional, no inicio de 2002, foi possível bater as cidades de Cartagena das Índias e de Bogotá (este em apenas algumas horas), na Colômbia.

A viagem via Caracas foi a mais prática. TAP para a Venezuela e depois uma companhia aérea Colombiana para Cartagena, com escala e mudança em Bogotá. Aproveito para assinalar a qualidade de serviço desta companhia (não me recordo o nome), não só em termos de apoio em pessoal de cabine como também no material muito recente (o avião parecia acabado de estrear).

Foi na altura de Carnaval. Encontrei no voo proveniente de Caracas para a Colômbia várias pessoas que se deslocavam para Barranquilla, localidade mundialmente conhecida pelos seus característicos festejos carnavalescos.

Chegada à noite a Cartagena. Só no dia seguinte foi possível ficar espantado com a fulgurância e grandiosidade desta cidade.

Fiquei no Hotel Caríbe, mesmo defronte ao mar indolente das Caraíbas, curiosamente retratado de forma inversa pelo grande Gabriel Garcia Marques em “Relato de um Naufrago”.

Quando me instalei, não resisti a um mergulho na piscina. Em fato de banho, saltitando pelo interior do hotel, encontrei um colega espanhol que estava acompanhado de uma senhora que a apresentou como “sua secretária”. Tibiamente, descalço e com uma toalha na mão e em trajos menores, cumprimentei-os. Só mais tarde, durante o encontro, me apercebi que a secretária do meu colega era na realidade a Secretária de Estado Espanhola do Interior (será essa a denominação?)

O Hotel Caribe, de estilo colonial, foi construído nos anos 1940, quase no término do promontório que caracteriza a cidade ancestral de Cartagena das Índias. O edifício confina no seu interior uma autentica ilha tropical, onde aves exóticas e vegetação luxuriante, para além de bares e piscina perfeitamente enquadrados. Embora no meio de uma cidade com milhões de habitantes, leva-nos a crer estar em plena amazónia.

Aproveitando os poucos intervalos de tempo para visitar a cidade, passei pela zona antiga, muito bem preservada e com uma arquitectura colonial espanhola bem patente. Pedro de Heredia, em 1533, desembarcou nesta baía que, por clara semelhança a Cartagena espanhola, foi baptizada com o mesmo nome.

Para futuros visitantes, não esquecer ver e observar as muralhas, a catedral, a Plaza de la Aduana, com acesso ao cais. Experimentem os restaurantes locais. Óptimas iguarias.
Em plena Baía de Cartagena das Índias, efectuamos um pequeno passeio num navio de guerra Colombiano, possibilitando uma visão diferente da cidade.

A sua vida nocturna é muita activa e as esplanadas são uma instituição.
Num dos dias livres, aproveitei para fazer uma pequena excursão de barco. Saída de manhã do cais de Cartagena e visita às Islas del Rosário, onde foi instituído um Parque Natural devido à biodiversidade e beleza da paisagem marinha. Cerca de 1,5 a 2 horas de viagem, para cada lado, que acompanhava uma costa de areia branca e fortalezas de protecção contra piratas.
Foi possível efectuar mergulho de apneia. A visão foi maravilhosa, pelo tipo, formato e cor dos peixes e outras espécies marinhas. Nunca pensei ser possível permanecer tanto tempo dentro de água sem qualquer sensação de hipotermia.
O arquipélago das Islas del Rosário é ainda característico pela casa de férias/praia do mais famoso traficante de estupefacientes colombiano.
Foi nesta viagem que conheci os bens dispostos amigos colombianos, Juanita e os Pícaros, um grupo de 4 colegas que aproveitou também uma folga de uma viagem profissional para efectuar esta mesma visita. Foi um apoio muito útil. Ainda hoje mantenho contacto e correspondência, facilitada pelas novas tecnologias baseadas na Internet e correio electrónico.
De regresso a Portugal, a escala em Bogotá foi frutífera. As poucas horas de espera no aeroporto foram trocadas por um passeio pela cidade. Majestosa, avenidas largas e a Este e Sul, uma cordilheira que limita a zona urbana, a capital da Colômbia instalou-se a mais de 2.600 metros de altitude e alberga mais de 7 milhões de habitantes. As zonas rica e pobre da cidade são facilmente detectáveis. Obrigado Juanita pela visita guiada a esta bonita cidade.
Nova escala em Caracas, agora de cerca de 6 horas, o que deu para conhecer todos os buracos do aeroporto. Pena não ter sido possível um revis à cidade. Um jeitoso desenhou uma caricatura da minha pessoa, em papel timbrado do aeroporto de Caracas (!!??), por 5€ (a contribuição foi voluntária)
Apesar da Colômbia ser um país em guerra civil, não se encontraram situações que evidenciassem esse facto. Para além de uma maior concentração de soldados no momento da visita do Presidente do País à cidade de Cartagena das Índias, a frequência de polícias era muito semelhante a qualquer cidade europeia.
Aos futuros visitantes da Colômbia, sugiro como conselho que devem aproveitar para ler Gabriel Garcia Marques. Aliás, viajar deve ser sempre acompanhado pela leitura de leitores dos países visitados. Garanto que se aumenta o prazer da viagem.

Ficha de viagem
País: Colômbia
Meios de transporte utilizados: Avião, Barco
Data de início: 2002
Data de Fim: 2002
Tempo de permanência: cerca de 1 semana

Mapa:


Good morning Vietnam

Foi em Abril de 1995. Recordo-me que passámos o 25 de Abril em Saigão, data também importante para o povo deste maravilhoso país. Permanecemos cerca de um mês principalmente no Vietname mas também na Tailândia.

Depois de muito pesquisar em livros (na altura a Internet ainda não estava massificada) lá conseguimos programar o percurso e encontrámos a agência de viagem que mais barato apresentava (na altura a viagem e os gastos ficaram em cerca de 1250 euros – 250 contos), curiosamente com sede num edifício contígua ao local onde trabalhava (DGF). Como não poderia deixar de ser, o guia de viagem LonelyPlanet foi mais uma vez crucial no planeamento e na execução.

O exotismo da região, o mito da guerra e o facto da Raquel estar nesse momento em transito profissional por este país, fez com que optássemos por esta viagem.

Éramos 4: a Lena, o João (na altura já casados) e o Rui, amigos de faculdade e de infância, alguns de nós.

E lá partimos em viagem para o fim-do-mundo, na nossa primeira incursão na Ásia profunda (já tínhamos estado, eu e o João, na parte asiática da Turquia, cerca de 8 anos antes).

Apanhámos o 747 da Thai em Madrid. O aeroporto de Barajas permite sonhar: contrariamente à Portela existem partidas para os quatro cantos do mundo. Após uma escala em Roma, lá seguimos em direcção ao sol nascente. Chegámos a Bangkok de manhã (local) com um jetlag negativo fortíssimo. Viajar a esta velocidade para Este é sempre muito mais complicado.

Bangkok realça-se pela poluição, trânsito, templos budistas, cheiros intensos e pela pressão da população (muita, mas mesmo muito gente nas ruas). Ficámos num hotel razoável, com uma piscina que foi uma autêntica lufada de ar fresco naquela região com água até no ar.

Na Tailândia visitámos ainda o mercado flutuante, a algumas dezenas de quilómetros a Oeste de Bangkok, em direcção da fronteira com a Birmânia/Myanmar. Pouco interesse, pese embora o exotismo.
Um misto de feira da ladra, de feira de Carcavelos e de Cais-do-Sodré foi a impressão com que ficámos de Patpong, no interior de Bangkok. Uma concentração de vendedores jamais vista, estabelecidos em lojas ou em simples bancas no meio da rua, faziam com que nos sentíssemos noutro planeta. Os bares de strip e de outros espectáculos ao vivo são uma autentica atracção. Quem visitar este bairro, liberte-se dos tabus ocidentais e veja os espectáculos Go-GO que, a parte o aspecto emotivo que choca com as boas regras ocidentais, são autênticos deslumbramentos de cor, curiosidade e espanto.

Pessoal muito aberto e extrovertido. O Rui, durante vários anos, ainda se correspondeu com uma simpática tailandesa (e sem utilização de email ou outras novas tecnologias inexistentes na época. Puo e duro snail-mail).

Viagem curta, de avião, entre Bangkok e Hanoi. Num país a abrir-se ao exterior, as dificuldades de entrada foram muitas, como várias horas de espera na fronteira, carimbos, aberturas de malas e alguma arrogância dos elementos policiais. Mas cá foram tínhamos a Raquel e o Eric à nossa espera que, com a sua boa disposição e alegria afastaram as nuvens cinzentas que pairaram na chegada. E lá fomos para o centro Hanói, pela auto-estrada, entre ciclistas que transportavam porcos, galinhas e outros animais, habitantes locais que utilizam a via como caminho prevliligiado, e inversões de marcha e manobras pouco recomendáveis.
Embora já tivéssemos o itinerário mais ou menos programado, a recepção da Raquel e do Eric, para além de reconfortante num país estranho e aparentemente hostil para o nosso grupo latino, ajudou-nos a readaptar o percursos e locais a visitar.

Hanoi é maravilhosamente estranha. Ainda com muitos vestígios da colonização francesa, a mistura arquitectónica e de hábitos é curioso. A salientar nesta cidade:
- Uma lindíssima praça no centro da cidade (junto ao teatro da marionetes aquáticas), com o seu lago, ilhas e arvoredo paisagisticamente bem enquadrado.
- Imperdível assistir ao espectáculo de marionetas aquáticas.

- O trânsito é intensíssimo. Atravessar uma rua torna-se hilariante. Sem passadeiras, a regra é básica: olhar para o outro lado e atravessar lentamente por forma a que os condutores (99% de bicicletas e motociclos) possa calcular mentalmente a nossa tragetória. NUNCA parar e arrancar, tentando fugir aos veículos.

- Comemos pernas de rãs pela primeira vez (pelo tamanho mais parecia ser membros inferiores de sapos).

Aconselhados pela Raquel, fomos testar as nossas costelas de navegadores para a Baía d’Along. Através de uma agência de viagens local, com o apoio de um guia Vietnamita extrovertido e simpático, um grupo pequeno de estrangeiros, onde nos incluímos, percorreram as muitas ilhas em formato de agulha que existem naquela zona do Mar da China Meridional. Dois dias a flutuar por aquelas águas calmas, dormindo e comando na embarcação. Especial menção à ilha de Cat Ba, já com alguma dimensão, onde visitámos uma floresta tropical, a povoação local em franca expansão urbanística e com infra-estruturas urbanísticas a serem construídas com o apoio da então Comunidade Europeia (é estranho ver um placard de anúncio de obra, num lugar tão recôndito, com a estrelada bandeira europeia).

Tivemos aí o primeiro contacto com o cão como uma espécie para consumo doméstico, na verdadeira acepção da palavra: após os vermos em autênticas gaiolas, no mercado, junto aos galináceos e aos vegetais, no percurso de regresso ao barco, tivemos a possibilidade de assistir ao estripar de um desses simpáticos animais, à semelhança do que se fazia há alguns anos atrás com os cabritos nas festas tradicionais do interior português.

De regresso a Hanói, e após visitarmos algumas bonitas paisagens da sua periferia rural, avançámos no comboio da reunificação (Expresso da Reunificação) em direcção ao centro e sul do país. Um compartimento com as célebres couchettes que se adaptou ao número de elementos do nosso grupo. Não me recordo quanto pagámos mas mesmo com a então necessária taxa para turistas (abolida em 2002), os cerca de 800 km de viagem não deve ter ultrapassado os 20 euros, incluindo alimentação (forneciam alimentação durante a viagem, tipo avião, mas aparentemente confeccionada no próprio comboio). Vista maravilha da janela da nossa carruagem, com especial menção ao troço entre Hué e Da Nang, onde terminámos a viagem de comboio.


Através de conhecimentos de terceiros, conseguimos uma habitação familiar com alguns quartos no primeiro andar, com condições mínimas, mosquiteiros nas camas e junto à praia de Palm Beach (local de férias de dos soldados americanos em licença). Os donos da casa dominavam o francês, o que facilitou a comunicação.


Da Nang é uma cidade sem grande interesse, salvo a paisagem costeira. Hoi Na, uma pequena vila a poucos quilómetros a sul de Da Nang, possui um pequeno porto onde os portugueses à centenas de anos deixaram raízes.


Tivemos oportunidade de adquirir a um pescador algum camarão, o qual foi confeccionado e servido pela sua família, na sua casa de terra batida junto à praia. A imagem que ficou foi a de quatro ocidentais a consumirem marisco à volta de uma mesa, a família do pescador sentada em nosso redor a observar alternadamente esta cena estranha (apesar da nossa insistência para se juntarem a nós) e a televisão próxima, . O som de fundo proveniente da televisão fez-nos voltar a cabeça e confirmar espantados que estava a ser emitida a telenovela brasileira Escrava Isaura.

Visitámos a cidade imperial de Hué, antiga capital do país. Relativamente bem conservada e com grande quantidade de turistas, particularmente nacionais.

Saímos de Da Nang em direcção a Na Trang por via rodoviária, recorrendo a um mini-bus. Cidade turística, com uma praia fenomenal, deu-nos guarida por alguns dias. Restabelecemos as forças na praia e encontrámos um autóctone que conhecia algumas palavras de português, e as personalidades Álvaro Cunhal e um jogador de futebol muito conhecido na altura. O ananás cortado e servido perto do mar e as massagens ministradas em plena praia são ex-líbris neste local. Aproveitámos para uma nova incursão no mar quente do Vietname para visitar umas ilhas a alguns quilómetros da costa e fazer mergulho em apneia.


Já no término da viagem, avançámos para Saigão, denominada Ho Chi Min logo após o fim da guerra com os americanos, em memória do líder vietnamita. É uma cidade que não tem o encanto das do norte. Caótica, desordenada, poluída, o seu encanto não vai para além da carga mítica que a envolve. De salientar alguns museus e, junto à fronteira com o Camboja, os túneis de Cu Chi, local onde os vietcongs se furtavam ao exercito americano, em autenticas cidades subterrâneas.


Gastámos cerca de 24 horas a regressar ao aeroporto da Portela, partindo de Ho Chi Min e fazendo escala em Bangkok e Madrid.


Um país a visitar, certamente muito mais aberto ao turismo do que em 1995.




Ficha de viagem

Países: Tailândia, Vietname
Cidades/locais visitados: Bangkok, Mercado Flutuante, Hanoi, Hai Phong, Baia d'Along, ilha de Cat Ba, cidade imperial de Hue, Da Nang, Hoi An, Na Trang, ilha de Hon Tre, Ho Chi Minh-Saigão, túneis de Cu Chi.
Meios de transporte utilizados: Avião, Barco, Comboio, Mini-Autocarro
Data de início: Marçode 1995
Data de Fim: Abril de 1995
Tempo de permanência: cerca de 1 mês
Mapa:

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Cruzeiro no Mediterrâneo

"Cruzeiros são actividades turísticas para velhos". Uma frase facilmente rebatida depois de lerem este texto.

Navegando pela Internet descobrimos o melhor preço: novamente a agência de viagem virtual Logitravel com valores imbatíveis. Ficou em cerca de 1800 euros para dois adultos e duas crianças, já incluindo taxas (nesta coisa dos cruzeiros existe uma taxa que é paga no final da viagem, que não está incluída. É a denominada taxa de serviço, comummente chamada de gorjeta, e que teoricamente irá para os empregados que tão amável e incansavelmente nos serviram durante os 7 dias). A companhia operadora era a Pullmantur e o barco o Oceanic.

Partida de Barcelona a um domingo e regresso a esse mesmo porto 8 dias depois, fazendo escala nos portos ou baías de VielleFranche-sur-Mer/França, Livorno/Itália, Civitavechia/Itália, Nápoles e Tunes/Tunísia.

E lá fomos. Duas famílias com duas viaturas partiram da Meia Via no dia 21 de Dezembro, de madrugada, com destino a Lérida onde pernoitámos no frugal hotel de estrada Formula 1 (apesar de tudo pertence à cadeia Accor). Até aqui chegarmos aproveitámos para espreitar algumas cidades no percurso (Salamanca, Tordesilhas, Burgos).

Chegámos a Barcelona na manhã da partida, dia 22. Deu para batermos algumas zonas mais turísticas (Ramblas, Monjuic) antes de, pelas 14 horas, fazermos o check-in no porto daquela cidade. Primeiro contacto com o barco. Dimensão razoável, com muitos espaços exteriores, um pouco antiquado e o camarote, apesar de interior era confortável.

E lá partimos de Barcelona, rumo ao sul de França, com o por do sol a tingir de rubro o horizonte.

Durante a manhã do segundo dia, chegámos a VilleFranche-Sur-Mer, uma pequena enseada a poucos quilómetros a nascente de Nice, local onde o barco atracou. Pequenas lanchas transferiam-nos para o porto onde apanhámos o comboio para o Mónaco. Como efectuamos em todas as escalas do navio, não nos subjugámos às excursões organizadas, caras e estandardizadas. Com a facilidade de acesso à informação (horários, mapas, fóruns de discussão, etc.) organizámos personalizadamente as visitas às cidades próximas dos locais de acostagem.

No terceiro dia, véspera de Natal, e após chegada ao porto de Livorno, alugámos um táxi para todos os 8 e vistamos as cidades de Florença e de Pisa. Aqui visitámos a Piazze del Duomo onde constatámos a inclinação da célebre torre, nas nossas mentes desde tenra idade. Chegámos ao porto de Civitavechia no dia 25 de Dezembro. Visitar Roma no dia de Natal revelou-se uma experiência curiosa: o primeiro dia em que não passávamos o Natal em família. No entanto esta situação foi superada pela visita aos locais paradigmáticos de Roma: Coliseu, Vaticano, Praça de Espanha, Fonte de Trevi. Quem visitar Roma aproveite um bilhete diário que dá para viajar em todos os transportes ilimitadamente, incluindo o comboio para e de Civitavechia. Não levem canivetes ou materiais semelhantes quando visitarem a Basílica de S.Pedro e o Vaticano, caso contrário, ou não entram, ou terão de os deixar à porta.

Em Nápoles não percam a oportunidade de visitar Pompeia. Uma viagem de comboio ao longo da costa, com a Baía de Napoles a poente e o Vesúvio a nascente.

No quinto dia, em Túnis ninguem quis ir a terra. Avancei sozinho para o desconforto da Medina com os seus souks de progressão difícil e lenta mas de uma beleza incrível. Uma passagem muito rápida por Cartago não deu para satisfazer a sede de informação histórica sobre a civilização.

Os dias restantes, até nova atracagem em Barcelona, foram de navegação. A Sofia e a Susana aproveitaram o jacuzi e ceu aberto e outras actividades, que não faltaram, no interior e exterior do navio. Houve ainda oportunidade para participarmos todos num jantar temático (as mil e uma noites) onde avançámos todos com indumentária indicada.

Vida a bordo: divinal. Regime de tudo incluído o que nos fazia estar constantemente com fome e com sede. Entre as 7 horas e as 4 da manhã do dia seguinte, existia sempre um bar aberto ou um restaurante/snack-bar pronto a satisfazer-nos os mais requintados apetites. Espectáculos constantes, para adultos e crianças, eliminando completamente aquilo que sempre pensámos existir numa viagem de alto mar: o tédio.

Para encerrar o périplo, permanecemos cerca de 3 dias em Salou, onde passámos a noite de fim-de-ano, e de onde fizemos um incursão de um dia a Andorra (ai as compras...)

De certeza que a Lourdes, o Rui, a Sofia, a Susana, o Jorge, a Luísa, o Miguel e a Leonor vão demorar a esquecer esta viagem.

Dicas:

  • Como já foi dito, não embarquem nas excursões organizadas em cada um dos portos onde o navio faz escala. São a preços exorbitantes e retiram o prazer de, antecipadamente, fazer o planeamento desses percursos, conseguindo valores 2 a 3 vezes inferiores.
  • Barcelona é uma cidade muito cara, inclusive no alojamento. Experimentem alugar um apartamento numa cidade vizinha (por exemplo Salou) onde particularmente na época dita baixa se conseguem autenticas pechinchas (conseguimos apartamento por 30euros/noite, abrangendo a noite de fim de ano). Este esquema só funciona se, claro, tiverem meio de transporte próprio.
  • Os hotéis Formula 1 são uma boa opção para pernoitar em viagem, a preços relativamente baratos (cerca de 25euros um quarto que dá para 3 pessoas ou 2 adultos e 4 crianças), mesmo que tenham alguma carência em comodidades. Mas afinal é só para dormir (pena que não existam em Portugal).
  • O metro de superfície em Tunes faz uma óptima ligação entre a capital, o porto e Cartago.
  • Mesmo que pequena, uma viagem de carro justifica a utilização de um GPS. Aconselho um TomTom: fáceis de manusear e baratos.



Ficha de viagem

País: Espanha, França, Mónaco, Itália, Tunísia, Andorra
Cidades/locais visitados: Salamanca, Tordesilhas, Burgos, Lérida, Andorra, Salou, Tarragona, Barcelona, VilleFranche-sur-Mer, Mónaco, Pisa, Florença, Roma, Nápoles, Pompeia, Túnis, Cartago
Meios de transporte utilizados: Automóvel, Barco, Comboio, Autocarro, Táxi
Data de início: 21de Dezembro 2007
Data de Fim: 2 de Janeiro 2008
Tempo de permanência: 13 dias
Mapa:




domingo, 9 de novembro de 2008

Escapadinha a Marrocos

A primeira coisa de que nos temos de mentalizar quando visitamos um país do Magrebe (ou outros) é de que não podemos olhar os comportamentos dos visitados à luz dos valores ocidentais. Algo que automaticamente conotariamos como negativo, deve ser considerado simplesmente como DIFERENTE. O trânsito caótico e a difícil interacção entre as viaturas e os peões, por exemplo, pode ser um bom motivo para revivermos Lisboa dos anos 70 onde as passadeiras para transeuntes era coisa rara e tínhamos de fintar as viaturas para chegar inteiros ao outro lado da rua. Reviver a juventude.

Gozemos então o prazer que nos pode dar a visita este país maravilhoso que é Marrocos, despidos de preconceitos e de falsos orgulhos sociais.



Tudo começou com uma noticia de um novo voo da TAP para Casablanca: 65euros, ida, várias vezes por semana. Consultei a minha agência viagens "oficial" Logitravel (recomendo vivamente) e consegui um pacote por 233 euros (viagem, taxas, Hotel 4*, com meia pensão).

Aconselho o Hotel onde fiquei em Casablanca. Os preços são muito inferiores aos constantes no preçário do sítio, caso sejam contratualizados através de uma agência de viagens. Fica no centro e o serviço e razoável.

Casablanca é uma cidade muito pouco característica, com carência de pontos de interesse. Aconselho a mesquita Hassan II, acabada de construir no início dos anos 1990 e com um minarete de mais de 200 metros de altura. A localização junto ao mar, os tectos de abertura mecânica, e os trabalhos em madeira e em mármore são outros motivos para a visita. A visita guiada é cara para o que mostram: somente o salão principal da oração e algumas salas anexas (impressionante a sala de lavagens no piso inferior do salão principal de orações) e não se sobe ao minarete (12 euros).
A Medina não tem um interesse por aí além: ruas mais largas que o costume e souk pouco característicos.

Quem está em Casablanca chega facilmente, através de comboio , à capital Rabat. Após uma hora de viagem, com saídas frequentes, chegamos a uma cidade mais cosmopolita e mais motivos de interesse. Aconselho a saída da estação e seguir a avenida principal em direcção a ocidente, passar a Medina, atravessar o cemitério e chegar ao mar. Regressar pela fortaleza/kashba junto ao rio (Oudayas) que separa Rabat da vizinha cidade de Salé.





Reservei um dia para Marraquexe. Cerca de 300 km distam esta cidade de Casablanca, os quais são facilmente calcorreados em comboios razoavelmente rápidos e confortáveis e a preços módicos (165 dh ida e volta, aproximadamente 15 euros). Uma cidade mais desafogada, com largas avenidas, prédios recentes, vegetação luxuriante e sempre aquela cor ocre que a caracteriza. A estação de comboios fica a cerca de 3-4km da praça central Djemaa El-Fna, mas o percurso faz-se bem a pé. Até porque é andando que se visitam estes maravilhosos locais. Nesta praça é essencial subir a uma das esplanadas que ficam nos terraços dos edifícios vizinhos e saborear à distância todo o rebuliço dos actores, encantadores de serpentes, domadores de macacos (esta actividade é de desincentivar), vendedores de fruta, acompanhado por um chá de menta (the a la menthe). Regressar à estação pelo interior da Medina, muito mais colorida e recheada que as de Casablanca e de Rabat.


Se tiveram de viajar de táxi, e para evitar dissabores no final, questionem sempre inicialmente do valor do serviço. Os "petit taxi" são curiosos. Normalmente viaturas ligeiras de baixa cilindrada (fiat punto e similares) transportam todos os que aparecem no percurso e que terão destinos semelhantes. Nunca percebi como é feita a divisão do pagamento do serviço. Andei num carro com mais de 600.000 quilómetros, praticamente sem faróis, a porta não fechava e o motorista parou durante a viagem para... meter combustível. Por vezes o automóvel ia abaixo, não sei se por problemas mecânicos se propositadamente para poupança de combustível

Outros aspectos interessantes e práticos a reter:



  • Apanhei o euro com a seguinte taxa de conversão para o Dirham: 1 euro - 0,09 dirham (aproximadamente um décimo, o que facilita as contas)

  • Utilizem ao máximo o comboio: barato, cómodo e quase sempre pontual.

  • Experimentem o restaurante Iamine junto ao mercado de Casablanca. Peixe frito e marisco (que se comem à mão), lambuzados em molhos diversos e uma salada mista e bebidas, por cerca de 9 euros.

  • As compras de material artesanal devem ser guardadas para Marraquexe, se lá tiverem oportunidade de ir. Experimentem o souk e nos arredores da praça El Fna.

  • Guias da LonelyPlanet sempre.

Interessante técnica para negociar aquisição de artesanato (esta situação aconteceu realmente):

Chegar, começar a olhar e esperar pelo primeiro contacto do vendedor:
Vendedor: Olá amigo. De onde vens? Portugal? Terra do Figo. Interessa-te a mala?
Respondo: É bonita. Quanto custa?
- 35 euros. É artesanato manual e muito boa qualidade. (reparem que a partir deste momento o vendedor abstem-se de apresentar propostas de preços, sendo o comprador o único a licitar)
- Valor muito elevado. Não tenho dinheiro suficiente para tal.
- Quanto ofereces?
- Bem. Segundo as minhas possibilidades não posso dar-te mais de 5 euros.
- 5 euros?? eeeeh. Isso não paga nem o material. Vê bem produto. Alta qualidade, etc. etc. Quanto ofereces mais?
- Dou-te 7,5 euros e não posso dar mais. Sabes que eu não sou francês. Eles têm muito dinheiros. Nós os portugueses não. Por isso não posso subir mais que isto.
- É muito pouco. Não posso aceitar.
- Pronto. É pena mas não posso mesmo dar mais. Obrigado. (e manifesto intenção de abandonar o local, iniciando a caminhada ao longo da rua do souk)
- Não. espera! Qual é a tua última proposta?
- 9 euros.
- Ok. Toma. Mas não paga sequer o material e o trabalho é artesanal.
(tirei da carteira os dirhams correspondentes deixando visíveis os cartões bancários)
- Então não tens dinheiro mas tens muitos cartões, ehem? (rindo-se e mostrando os dentes todos cariados).
Separámo-nos com um aperto de mão, selando a amizade comercial entre Portugal e Marrocos.

O guia da LonelyPlanet de Marrocos tem um artigo muito interessante que dá indicações sobre a forma cordial e correcta de negociações deste tipo.


Ficha de viagem
País: Marrocos
Cidades/locais visitados: Casablanca, Rabat, Maraquexe
Meios de transporte utilizados: Avião, Comboio, Táxi
Data de início: 5 de Novembro 2008
Data de Fim: 8 de Novembro 2008
Tempo de permanência: 4 dias
Mapa:

Viajar! Perder países!

Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!

Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!

Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.

Fernando Pessoa, 20-9-1933